Presidente da Sociedade de Genética Médica no Congresso de Nanismo

Presidente da Sociedade de Genética Médica no Congresso de Nanismo

Temis Felix estreou os palcos do Congresso Nacional de Nanismo em Goiânia nesta terceira edição realizada pelo Somos Todos Gigantes. A presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica falou sobre a Osteogênese Imperfeita, também conhecida como Ossos de Vidro, no segundo dia de evento. A patologia óssea tem alguns tipos determinantes de baixa estatura acentuada, ou seja, Nanismo.

Referência nacional no assunto e líder de algumas das pesquisas de vanguarda sobre o tema, ela é mestre em Ciências Biológicas (Genética pela Universidade de São Paulo – Usp – e Doutora em Saúde da Crianças e do Adolescente pela Universidade Federal do Rio grande do Sul – UFRS). Seu pós doutorado foi realizado nos Estados Unidos, na Universidade de Iwoa.

Foto: Matheus Alves/ Fasam
Foto: Matheus Alves/ Fasam
Pela primeira vez, Temis participa de um Congresso de Nanismo.

Atualmente Temis atua como Geneticista do Serviço de Genética Médica do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e coordena o Laboratório de Medicina Genômica do Centro de Pesquisa Experimental e o Centro de Referência em Osteogênese Imperfeita do HCPA, além de fazer parte do corpo docente do programa de Pós Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente na UFRS. É especialista em fissura lábio-palatina, anomalias congênitas, deficiência mental, anomalias cromossômicas e osteogênese imperfeita.

Confira agora um resumo exclusivo da palestra inédita da Dra Temis. Ao final, assista a Palestra completa em nosso canal do Youtube, compartilhe, curta, deixe sugestões. Tudo aqui é feito para você! 😉

Palestra Temis Felix (10/11)

A doutora começa explicando que quem tem Osteogênese Imperfeita (OI) quebra os ossos com facilidade, por mínimos traumas. Por causa das frequentes fraturas acabam tendo deformidades ósseas e baixa estatura considerável (Nanismo), principalmente os tipos III e IV da patologia.

Foto: Matheus Alves/ Fasam
Foto: Matheus Alves/ Fasam
Presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica

Temis explica com exemplos as peculiaridades dos 5 tipos de OI e seus sintomas. O tipo 1 é o mais leve e comum mas causa surdez em 50%. O tipo II é o mais grave e geralmente letal. Tipo III é progressivamente deformante e tem incidência de Nanismo em 100% dos pacientes (de acordo com os estudos que serão comentados a seguir). O tipo IV pode desenvolver Nanismo ou apenas ser um pouco mais baixo do que o restante da família. Já o tipo V é a forma mais rara e específica (apenas 5% dos casos).

Temis explica que geneticamente 80 a 90% de OIs são causadas por mutação genética no colágeno tipo I e Tipo II (hoje se conhecem mais de 20 genes que causam OI). As alterações dominantes dos genes COL1 A1 e COL1 A2 geram indivíduos que têm 50% de chances de hereditariedade, enquanto as recessivas (10 a 15% dos casos), promovem possibilidade de 25% de repetição do caso na família.

Evolução do Tratamento

Em 1998 foi descoberta uma droga que auxilia no tratamento de OI. Em 2001, a Associação Brasileira de Osteogênese Imperfeita conseguiu pressionar o Ministério da Saúde a criar o Centro de Referência para Tratamento da Osteogênese Imperfeita no Brasil e incluir o Pamidronato de Sódio no Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso mostra a importância das organizações civis junto aos órgãos governamentais”, observa a geneticista.

Foto: Matheus Alves/ Fasam
Foto: Matheus Alves/ Fasam
Nos slides, Temis mostra radiografias das deformidades ósseas.

Hoje em dia existem alguns centro de tratamento para OI:

  • Hospital Albert Einstein (Ceará)
  • Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Pernambuco)
  • Hospital da Universidade Professor Edgad Santos (Bahia)
  • Hospital Nossa Senhora da Glória (Espírito Santo)
  • Instituto Fernandes Figueira (Rio de Janeiro)
  • Santa Casa de São Paulo, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Usp e UNIFESP (São Paulo)
  • Hospital Infantil Joana de Gusmão (Santa Catarina)
  • Hospital das Clínicas de Porto Alegre (Rio Grande do Sul)
  • Hospital Infantil Pequeno Príncipe (Paraná)
  • Hospital Base de Brasília (Distrito Federal)

Apesar de nem todas as regiões brasileiras serem contempladas com Centros de Tratamento, a possibilidade de pesquisa em um centro de referência ofereceu à equipe da Drª Temis a possibilidade de estudar os pacientes em grupos, por tipo de patologia, gravidade, idade, início de tratamento e outros fatores determinantes.

“Temos 170 pacientes de 120 família, 22% da amostra tem fraturas já detectadas quando a criança nasce. A idade de tratamento é variável mas o ideal é que a criança venha mais cedo. A grande maioria é OI 1, mais leve; seguida de OI 4, depois OI 3 e só 3,4% de OI 5. Isso nos permitiu formar um grupo de pesquisa em OI para entendermos as similaridades com outras regiões do mundo. Começamos a fazer vários estudos clínicos e de genética molecular”, comenta sobre o trabalho realizado no Centro de Pesquisa do HCPA.

Aspectos Clínicos Observados em Pesquisa

De acordo com as pesquisas da equipe da Drª Temis, o OI tipo 3 desenvolve 100% de nanismo. Destes, como é forma mais grave, muitos são restritos à cadeira de roda (75% não anda).

Foto: Matheus Alves/ Fasam
Foto: Matheus Alves/ Fasam

Nos estudos clínicos se concluiu que a obesidade é outro fator importante que deve ser observado nesta condição. O consumo de cálcio é outro fator determinante da saúde dos ossos de adultos e crianças. Ao longo do crescimento a ingestão deve aumentar. Também foi observado que em OI tipo 3,89% nasce com fratura óssea; OI tipo 1,19% e OI tipo 4,41%. Sobre a córnea, OI 1 apresenta córnea muito fina e nos tipos de OI 3 e 4, mais baixa, perto do normal, mas ainda fina.

Tratamento

O tratamento de OI deve ser multidisciplinar. “Precisamos tratar fraturas [ortopedista], reabilitar com fisioterapia e nutrição adequada, além do medicamento Pamidronato de Sódio”, diz a doutora.

O remédio aumenta a densidade óssea e é ministrado de acordo com a idade da criança, a cada 2, 3 ou 4 meses. O tratamento tem indicações específicas.

“O número de fraturas com o tratamento realmente diminui muito no primeiro ano e ao longo da vida. Não isenta de ter fratura mas diminui. Com menos fraturas, a mobilidade melhora”, comenta a geneticista complementando sobre a possibilidade de alguma febre como efeito colateral.

“A participação no 3º Congresso de Nanismo foi a minha primeira neste Congresso. O contato com o grupo foi excelente. Eu achei extremamente bem organizado. A Juliana [Yamin] é incansável e deu para ver o grupo unido e atuando em prol da causa do Nanismo. Eu acho que essa interação entre a classe médica e as pessoas com nanismo é fundamental para os tratamentos e para que a visão das pessoas com Nanismo seja modificada para a população, em geral, e até para a classe médica. Eu gostei muito do Congresso e se puder, vou participar do próximo também”, promete Drª Temis.

Assista agora à palestra completa:

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